Documentos
Carta aberta à TV Globo
Autor: Brasil sem
Aborto
25/08/2013 12:39:12
Carta Aberta à TV Globo a respeito da abordagem sobre
aborto provocado na novela Amor à Vida.
Ilustríssimo Senhor,
Carlos Henrique
Schroder
Diretor Geral da TV
GLOBO
Em cena da novela “Amor à vida”, no
capítulo 82 que foi ao ar no dia 23 de agosto, a Rede Globo entrou com extrema
superficialidade e com inúmeros equívocos em debate que merece ser abordado com
seriedade e fundamentação. Em evento desconectado do enredo, entra em debate o
aborto provocado. O personagem de um médico, chefe da residência médica, afirma
que “o aborto ilegal está entre as maiores causas de mortes de mulheres no
Brasil”. E afirma também que “infelizmente o aborto ilegal se tornou caso de
saúde pública”.
Vamos aos dados oficiais, disponíveis
no DATASUS: faleceram no Brasil, em 2011 (último ano a ter os dados totalmente
disponíveis) 504.415 mulheres. O número máximo de mortes maternas por
aborto provocado, incluindo os casos não especificados, corresponde a 69, sendo
uma delas aborto dito legal. Portanto, apenas 0,013% das mortes de mulheres
devem-se a aborto ilegal. Comparando, 31,7% das mulheres morreram de
doenças do aparelho circulatório e 17,03% de tumores. Estes sim constituem
problemas de saúde pública.
Houve também clara confusão entre os
conceitos de “omissão de socorro” e “objeção de consciência”, com laivos de
intolerância à liberdade religiosa. Desconhecemos que alguma religião impeça
seus membros de prestar socorro a “pecadores”. Se assim fosse, inúmeros
assaltantes e assassinos que chegam baleados aos hospitais ficariam sem
atendimento. Se até um bandido assassino que foi ferido no embate tem direito a
atendimento médico, como caberia negá-lo em situações de sequelas do aborto? A
cena foi preconceituosa para com as crenças do outro personagem médico,
distorcendo-as. Ela parece mesmo pretender trazer confusão para a questão da
objeção de consciência, situação em que o profissional de saúde se recusa
licitamente a realizar ou participar do abortamento, uma vez que ele se forma
para proteger a vida e não para tirá-la.
Sabedores da influência que as novelas
possuem na mentalidade do povo, demandamos que haja uma retratação das falsas
impressões apresentadas, pois uma emissora deve ter compromisso com a realidade
dos fatos. Se a Rede Globo deseja problematizar o debate, que o faça a partir
de dados e situações verazes e não apenas reproduza determinados jargões
propagandísticos pela legalização do aborto em nosso país.
Brasilia, 23 de Agosto de 2013.
Lenise Garcia
Presidente Nacional
Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente Nacional Executivo
Damares Alves
Secretária Geral
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